
Três especialistas ensinam qual é o melhor momento para começar a falar de dinheiro, planejar o futuro e dividir as contas 2n3q1o
Quando o dinheiro sai pela porta, o amor sai pela janela. O ditado popular pode parecer exagerado, mas mostra a importância que as finanças têm no relacionamento amoroso. Bem, não só no relacionamento amoroso, mas em qualquer momento da vida pessoal.
Uma vida financeira desequilibrada traz angústia e pode levar até a quadros depressivos. A planejadora financeira Angela Nunes, da consultoria MoneyPlan, lembra que muitos divórcios têm origem nos problemas financeiros de um casal.
Pensando nisso, a coluna entrevistou, além de Angela, outras duas especialistas em finanças pessoais – Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico Investimentos e Simone Sgarbi, educadora financeira e criadora do canal @investir_eu — para orientar os casais desde o início do relacionamento a tratar o assunto com naturalidade e encontrar a melhor maneira de lidar com o dinheiro no dia a dia.
Confira, a seguir, as orientações das especialistas:
No início do namoro:
Não é preciso falar de finanças logo no início de um relacionamento, mas já é possível ir observando a postura do par em relação ao assunto dinheiro, ensina Angela Nunes. “Observe se o par é uma pessoa organizada, que guarda dinheiro, que respeita o momento financeiro do outro. Ou se se trata de alguém que gasta sem pensar, que acumula dívidas e vive como se não existisse contas a pagar amanhã. Uma possível união entre a cigarra e a formiga é complicada, porque pode acabar que mais pra frente só um vai se preocupar com o dinheiro, enquanto o outro dilapida o patrimônio.”
Para Simone Sbgarbi, é preciso normalizar o assunto finanças. “Não é preciso perguntar o quanto o outro ganha ou se tem dívidas, mas dá para entender como essa pessoa se relaciona com questões financeiras. Na hora de dividir a conta o assunto também é um indicativo se estão na mesma página ou não e, se a pessoa valer a pena, vocês já podem começar a alinhar expectativas aí.”
Num começo de namoro, nem sempre a situação financeira de um é idêntica a do par. Nesse caso, é importante estabelecer limites para o que um pode ou não fazer. Às vezes, por vergonha, uma das partes da relação acaba se endividando para acompanhar o que o outro pode fazer ou para manter uma aparência que não condiz com a realidade.
Quando decidem viver juntos:
Não existe uma receita única, cada casal deve decidir o que funciona melhor, dizem as especialistas.
Há casais que juntam todo o dinheiro em uma conta conjunta, pagam as despesas, separam o dinheiro para investimentos e o que sobra é dividido para despesas pessoais dos parceiros.
Outros casais preferem manter contas separadas. Nesse caso, uma medida prática e justa seria a contribuição com as despesas em comum de forma proporcional à renda de cada parceiro.
Por exemplo: a mulher recebe 60% da renda do casal e o homem, 40%. Nesse caso, uma boa dica é que a contribuição nas despesas mensais também ocorra nessa proporção: a esposa arca com 60% das despesas comuns da família e o marido, com 40%.
A questão é que o casal é livre para decidir como se dará o pagamento das despesas. O importante é que nenhum dos dois se sinta prejudicado e injustiçado na hora da divisão de contas. E por isso, a conversa sobre o tema é fundamental.
Paula Zogbi lembra que há aplicativos que permitem a divisão de contas, o que facilita não ter de ficar falando sobre o assunto ou fazendo contas.
“Nesse caso, é preciso definir com quanto cada um vai contribuir. Pode ser metade para cada um ou proporcional à renda de cada um. O que ganha mais contribui proporcionalmente mais.”
Quando o casal já mora junto ou planeja construir um futuro em comum, é importante fazer um controle financeiro para organizar o orçamento e dessa forma saber quais são as receitas, despesas e valores que serão destinados ao sonhos futuros do casal, como férias ou compra da casa própria.
O casal também pode adotar uma espécie de “mesada” para cada um dos parceiros. A dica é estipular um valor fixo por mês para que cada um se sinta livre para usar esse dinheiro sem necessidade de prestar contas em relação ao gasto feito, a fim de manter a individualidade de cada um.